Já virou tradição. No mês de julho é hora
de fazer o acampamento de adolescentes da Casa Semear! Como nos anos
anteriores, expectativa ansiosa e uma impaciente espera tomaram conta dos
adolescentes. Boas experiências e acontecimentos do último acampamento foram
relembradas e contadas repetidas vezes, enquanto os adolescentes mais novos,
que participariam pela primeira vez este ano, ouviam atentamente, e com um
brilho nos olhos, as histórias sobre jogos noturnos na floresta, a ponte bamba
feita de cordas, que atravessam o rio, e a água gelada da piscina.



E este ano, mais uma vez, tivemos cinco
dias maravilhosos na floresta com bastante sol, um grupo muito unido e
divertido de adolescentes e uma equipe bem grande (15 pessoas!). O nosso MUITO
OBRIGADO a todos os voluntários que nos ajudaram a realizar mais este
acampamento! Este ano, o tema era “Trilhando nos passos de Jesus” e junto com
os adolescentes estudamos várias parábolas sobre o Reino de Deus, salvação,
arrependimento e perdão, hipocrisia e fé verdadeira e, por fim, sermos sal e
luz no nosso mundo. Principalmente durante os estudos bíblicos em pequenos
grupos tivemos boas conversas e oportunidades ótimas para explicar aos
adolescentes o que exatamente significa viver a sua vida com Jesus. Durante
essa semana, vários adolescentes demonstraram o desejo de viver a sua vida com
Deus e foi muito especial ver Deus trabalhando nos seus corações. Como é
gratificante poder levá-los a crescerem um pouquinho mais no seu entendimento
da vida planejada por Deus, e na descoberta de quem Deus é e o que Ele faz
neste mundo!





As regras do jogo
Imaginem participar de uma brincadeira
sem saber as regras do jogo, pior ainda, pensar que conhece as regras, mas não ter
ideia de que as regras são outras. Decidimos que, para ensinarmos a parábola do
bom samaritano, a última brincadeira do acampamento, precisaríamos mexer um
pouco com a cabeça das crianças. Bolamos uma brincadeira, na qual teriam de
encontrar um tio que teria um cartão com a respectiva cor de cada grupo. Pelo
menos foi isso que dissemos para eles. Nosso plano, porém, era que não haveria
nenhum tio carregando um cartão, e sim tios fantasiados de “canibais” (em
várias brincadeiras noturnas, havia tios com o rosto pintado de preto para
dificultar a execução das tarefas, esses são os “canibais”), que estariam
machucados, jogados pelo caminho pedindo por ajuda.



Começa a brincadeira e cada grupo de
crianças, acompanhado de um tio, sai em busca do tio com o seu cartão. As trilhas
pela mata, que agora já são bem conhecidas pelas crianças, vão sendo
percorridas pelos passos apressados e pelos olhares atentos de cada uma delas.
Estratégias são traçadas e a esperança de ganhar a brincadeira aumenta a cada
trecho passado. Depois de muito andar, o grupo ‘verde’ encontra um “canibal” machucado,
pedindo por ajuda. A reação é de surpresa. Duas crianças logo vão em direção do
“canibal” para ajudá-lo. Outras crianças começam os questionamentos: “Você tem
o cartão de qual cor?”. Ao ouvir que o “canibal” não tem nenhum cartão, as
considerações ficam interessantes: “Ele está aqui para nos atrapalhar”; “você
está machucado, mesmo?”; “vamos embora, precisamos achar o cartão”.
Sim, o “canibal” foi deixado para trás.
Um pouco adiante as crianças do grupo ‘verde’ começam a ouvir os outros dois grupos
comemorando, e percebem que perderam a brincadeira. Eles voltam decepcionados.
Chegando lá, as crianças notam que os outros dois grupos não têm cartões. Não
havia tios com cartões, mas havia alguém pedindo por ajuda! Ter ajudado o
“canibal” levou os outros dois grupos a ganhar a “brincadeira”, enquanto o
grupo ‘verde’, tão preocupado com a brincadeira, deixou o “canibal” para trás,
e perdeu.


Vocês não imaginam a dificuldade que
essas crianças tiveram para entender que a brincadeira que eles pensavam
existir, na verdade, não existia. Como foi difícil fazê-las perceber que não
importa qual seja a “brincadeira”, existem coisas que estão acima das “regras”.
Não somos tão diferentes dessas crianças. É-nos dito, a todo tempo e em todo
lugar, que o “jogo da vida” tem a ver com estudar, ter um bom emprego, fazer
sucesso, se aposentar e morrer. Quando outras questões aparecem no meio do
caminho, achamos que elas atrapalham a “brincadeira”. Tão preocupados com o jogo,
acabamos perdendo, pois não damos atenção para o que é mais importante: a vida.
Não a nossa vida, mas a vida dos outros, daqueles que clamam por ajuda,
daqueles que estão largados pelo caminho, daqueles que estão fora do “jogo”.
Ganhamos a “brincadeira”, mas perdemos a vida. Chegaremos ao fim, só para
ouvirmos que a regra do “jogo” não era essa que pensávamos ser, que na verdade
não havia “jogo”, só havia a responsabilidade de ser humano, de prezar pela
vida dos que estão morrendo. Será que ganharemos o jogo e perderemos a vida?


Deus abençoe vocês!
Equipe da Casa Semear